Em jeito de homenagem a Freddie Mercury e à minha "chefe".
♥ Os Queen fazem 40 anos, sem Freddie Mercury - Sapo.
Pena que seja sem ele. Mas ele estará sempre comigo. E com a minha "chefe".
♥ Como acontece muitas vezes, há sempre uma música relacionada com algo meu, com alguma memória. Esta, I Want To Break Free, não é excepção. Certa vez, fui chamada pela minha "chefe" para ir trabalhar directamente com ela. Podia não ter ido. Mas fui. Gosto de desafios. Nem tanto de mudanças, mais de quebrar rotinas. E para isso é preciso haver mudanças.
Logo que fui contactada por ela, fiquei surpreendida. Pensei: Mas nós temos tão pouco em comum! E se não corre bem? Já a conhecia há muitos anos, mas não tinha tido um contacto muito directo com ela, ao contrário de muitas das minhas colegas. Depois, achava que ela era uma senhora muito assenhorada, que nunca sai de casa (...), enfim, vocês sabem. Pois bem, das poucas vezes que me enganei para melhor - talvez esta e pouco mais (?) - esta foi uma delas.
Estávamos já há algum tempo a trabalhar no mesmo gabinete. Normalmente, e sempre que possível, trabalhávamos com o rádio ligado. O que convenhamos, já foi para mim uma boa surpresa. Mas surpresa das surpresas tive eu quando, certo dia, Freedie Mercury se faz ouvir, baixinho, com o seu I Want To Break Free. Continuei no meu trabalho quando, incrédula, reparo no impossível. No inesperado. No inacreditável. Tudo menos aquilo que os meus olhos vislumbravam. A minha "chefe", senhora respeitável, casada, dois filhos, de bom e grande porte - pouco dada a extravasar fosse o que fosse - levanta-se (até aqui nada de especial), puxa um pouco as persianas para baixao (até aqui tudo bem), levanta o som (começo a ficar um pouquinho preocupada), sai da sala (mesmo assim os vizinhos da frente podiam estar demasiado em frente), vai para o corredor (começo a ficar deveras preocupada), e sempre com o seu ar de "cavaco silva" (desculpa "chefe", mas era o que me parecia), começa literalmente a "abanar o capacete" sem se importar, ralar, moer ou incomodar com mais nada. Nem comigo. O que me deixou estupefacta e, simultaneamente, deveras agradada. Se ela fazia aquilo à minha frente, é porque me tinha em boa conta. E tinha razão para ter. Naquele dia não fiz mais que ficar de boca aberta. Primeiro a ver. Depois a elogiar. A elogiar.
Depois, muitos dias, semanas e meses mais tarde, cada vez que Freddie Mercury por ali passava com I Want To Break Free, e para meu grande encanto, já não era só a "chefe" a dançar no corredor da porta de entrada. Eu, solidária, levantava-me e, no corredor das fotocópias, mesmo em frente, "abanava o capacete" ainda mais do que a minha "chefe". Porque um bom trabalhador ajuda em tudo o que pode. (A chefe era assim um pouco mais pesada do que eu, por isso eu tinha de dar o meu melhor.) A música terminava, as persianas corriam de novo para cima e o trabalho corria, de novo... bem melhor do que nunca.
Aqueles serviços deixaram de existir há uns anos. Foram extintos. Não por causa do Freddie Mercury. Não por causa da "chefe". Nem por minha causa. Até porque o meu trabalho era esse mesmo. Encerrar aquela secção. No último ano acabei por ficar sozinha naquele departamento, mas o rádio continuou ligado. O Freedie Mercury também. A "chefe" também. Ela é hoje uma amiga. Continuamos diferentes. Mas com mais alguma coisa em comum. E posso estar muito tempo sem a ver, mas cada vez que ouço o Freedy Mercury, o meu telemóvel não lhe diz uma palavra. Ela só ouve do outro lado: I Want To Break Free.
E ela sabe que sou eu.
E ela sabe que está tudo bem comigo.
E eu sei que está tudo bem com ela.
E não sei se ele, o Freedy Mercury, gostaria muito de saber destas coisas.
(Penso que sim. Era capaz disso.)
"Chefinha", é para ti:
PS: (p'rá"chefe") Baixaste as persianas? Podes continuar. E que nunca "baixes a guarda".
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